Desde 1992, o dia 25 de julho é reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha. Naquele ano, um encontro de negras latino americanas e caribenhas em Santo Domingos, na República Dominicana, discutiu em conjunto, pela primeira vez, pautas importantes como o combate ao machismo e racismo, tão acentuados nesses países. Segundo a ONU, 15 dentre os 25 países com maior taxa de feminicídio no mundo são latino-americanos. Dentre esses 15, o Brasil ocupa a primeira posição.
Mas por que a data destaca especificamente a luta da mulher negra? A interseccionalidade entre ser mulher, gênero que já sofre os efeitos de uma sociedade machista, aliada a pertencer a uma parcela da população historicamente marginalizada, coloca as mulheres negras em uma situação especialmente vulnerável.
Segundo o IBGE, três entre quatro pessoas mais pobres no Brasil são negras. Segundo o Atlas da Violência de 2019, publicado pelo Fórum de Segurança, enquanto a taxa de feminicídio entre as mulheres não negras cresceu em 1,7% entre 2007 e 2017, o crescimento foi de 60,5% entre as negras. Ao todo, elas representaram 66% de todas as mulheres assassinadas no país em 2017.
Já no mercado de trabalho, embora as mulheres de uma forma geral recebam 20,5% menos que os homens, segundo dados do IBGE, o relatório Mulheres e Trabalho do IPEA, publicado em 2016, mostra que quando a comparação é entre as mulheres, as brancas recebem cerca de 70% a mais que as negras. Essa é também a porcentagem de mulheres brancas inseridas no mercado de trabalho que contribuem com a previdência social – entre as que se autodeclaram negras, a taxa é de apenas 44,2%. No atual contexto de crise, elas são também o grupo mais vulnerável ao desemprego.
Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra
Em reforço à comemoração já instituída pela ONU e em apoio à luta das mulheres negras brasileiras, em 2014 a presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei Nº 12.987, que institui o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
Tereza de Benguela é uma personalidade histórica essencial para entender o movimento negro abolicionista. A líder quilombola viveu no século 18 e comandou o quilombo do Piolho ou Quariterê, no Mato Grosso. Ela assumiu a liderança depois da morte de seu marido, José Piolho.
Tereza é conhecida pelo seu estrategismo e por ter criado uma forma de organização no quilombo semelhante a um parlamento, com deputados, conselheiro, reuniões e uma sede. Em 1770, a líder foi pega em uma emboscada e assassinada pelo Estado.
A luta da Mulher Negra Latina e Caribenha Publicado primeiro em https://guiadoestudante.abril.com.br/
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