O matemático John Conway, vítima da covid-19, faleceu aos 82 anos no último sábado (11). Ele é o inventor do “Jogo da Vida”, o exemplo mais bem conhecido de autômato celular (modelos de evolução temporal simples com capacidade para exibir comportamentos complicados). Com décadas de pesquisa, fez contribuições distintas à teoria dos grupos finitos, à teoria dos nós, à lógica matemática e à teoria dos jogos.
Nascido em Liverpool, na Inglaterra, John Conway sonhava em se tornar matemático desde a infância. Em 1959, recebeu o diploma de bacharel em Artes e começou a realizar pesquisas em teoria dos números com Harold Davenport, quando despertou o interesse por ordinais infinitos. Depois da conclusão do doutorado, em 1964, tornou-se bolsista e professor de Matemática no Sidney Sussex College, na Universidade de Cambridge.
No início da década de 1980, o britânico foi eleito membro da Royal Society, instituição destinada à promoção do conhecimento científico. Desde 1987, Conway ocupava a cadeira de matemática de John Von Neumann, na Universidade de Princeton (EUA), onde atuou até recentemente.
O Jogo da Vida
Invenção mais importante da carreira do matemático, o Jogo da Vida foi criado, em 1970, com o objetivo de reproduzir, através de regras simples, as alterações e mudanças em grupos de seres vivos, tendo aplicações em diversas áreas da ciência. Ele se passa em um tabuleiro quadriculado com duas dimensões. Os organismos ficam posicionados um em cada célula, e a partir da configuração inicial dos organismos serão observadas as mudanças, seguindo leis gerais para nascimento, morte e sobrevivência.
É uma espécie de jogo mas sem jogador: a evolução é determinada pelo seu estado inicial, não necessitando de nenhuma entrada de jogadores humanos. As regras foram escolhidas cuidadosamente por Conway, após um longo período de experiência, para adequar-se a três critérios:
- Não deverá ter um padrão inicial para o qual seja uma simples prova de que a população possa crescer sem limite;
- Deverá ter um padrão inicial que aparentemente cresça sem limite;
- Deverá ter um padrão inicial simples que cresça e se modifique por um período de tempo considerável antes de terminar em três possíveis modos: desaparecendo completamente, estabelecendo uma configuração estável que se mantenha imutável desde então, ou entrando em uma fase oscilatória na qual se repetirá eternamente em ciclos de dois ou mais períodos.
Assim, as regras deviam tornar o comportamento das populações ao mesmo tempo interessante e imprevisível. De maneira simples, são elas:
- Qualquer célula viva com menos de dois vizinhos vivos morre de solidão;
- Qualquer célula viva com mais de três vizinhos vivos morre de superpopulação;
- Qualquer célula morta com exatamente três vizinhos vivos se torna uma célula viva;
- Qualquer célula viva com dois ou três vizinhos vivos continua no mesmo estado para a próxima geração.
Este jogo traz, então, histórias de vida sem qualquer relação óbvia entre a configuração inicial e o que irá se transformar.
Conheça John Conway, o matemático que criou o “Jogo da Vida” Publicado primeiro em https://guiadoestudante.abril.com.br/
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